No dia 4 de novembro, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), notificou através do diário oficial do executivo de Porto Alegre, a Lazari Serviços de Gestão de Mão de Obra LTDA. A nota pedia esclarecimentos sobre o sumiço da empresa e sobre o não pagamento de salários às funcionárias cadastradoras dos Centros de Referência de Assistência Social. Estas trabalhadoras, a maioria mulheres, não receberam seus salários de outubro e estão ao léu, sem auxílio da Prefeitura e com pouca solidariedade dos setores de luta. Responsáveis por agilizar cestas básicas para a população, agora são elas que não tem dinheiro para pagar suas contas. Nesta quarta, quando se encerra o prazo dado pela FASC à Lazari, as trabalhadoras terceirizadas voltam a protestar.
No dia em que saiu a nota, quinta (5) cerca de 30 pessoas se manifestaram em frente ao prédio da FASC pedindo alguma providência. O Deriva Jornalismo cobriu este ato, confira AQUI.
Juntaram-se às funcionárias abandonadas da Lazari, três representante do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, com o carro de som, e uma representante do Conselho de Representantes Sindicais da FASC. O vereador Roberto Robaina também se fez presente.
Inclusive, com o vereador, aconteceu uma cena. As manifestantes foram recebidas, na calçada, por Tiago Córdova, Assessor Técnico – Jurídico da FASC, e por Ricardo Nicolaiewsky, Coordenador Administrativo da FASC. Ao sair do prédio, Tiago olhou para Robaina, ao microfone, e perguntou se ele era representante da Lazari. Isso mesmo. Em um protesto cobrando o pagamento e salários da empresa que sumiu, o advogado da FASC pergunta se o vereador era representante da empresa sumida. Robaina ficou incrédulo e brabo com a situação. O advogado depois se desculpou por não reconhecer o vereador. Segundo Tiago, por ser de São Leopoldo. Mas as desculpas não o eximem do desleixo da sua presença, caricaturada por essa cena. Sua postura no diálogo pode ser acompanhada na transmissão ao vivo, que filmou toda a conversa. Juridiquês e esnobismo inabaláveis pela fome das mulheres a sua frente.
Então, da FASC não saiu nada. Vera Ponzio, presidenta da Fundação, alegou estar sem agenda. Estava em uma palestra, segundo a recepcionista. De resposta da instituição, é esperar os 5 dias úteis dados na notificação, que vencem nesta quarta (11). Só após a FASC poderá agir legalmente. Enquanto isso, as trabalhadoras sem salários, férias, sequer com passagem para ir ao protesto reivindicar. O advogado do SIMPA encaminhou um pedido de reunião com o Ministério Público do Trabalho. Ainda sem resposta. No fim da manhã de quarta passada, as trabalhadoras caminharam até o Paço Municipal para cobrar algum posicionamento da Prefeitura. Sem resposta. Por enquanto, nenhum sinal da Lazari, da FASC, da Prefeitura. Segundo uma entrevistadora que prefere não revelar seu nome, mesmo as mensagens de solidariedade, por parte inclusive de candidatos a vereadores vinculados à Assistência Social, andam escassas.
Nesta quarta, as trabalhadoras, responsáveis pelo Cadastro Único no município, que permite acesso a programas sociais do Governo Federal como o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC) aos idosos e pessoas com deficiência, auxílio do Minha Casa, Minha Vida, Aluguel Social, entre outros, voltam às ruas buscando o que é seu de direito. Vão protestar novamente em frente à FASC, às 9h. Trabalhadoras terceirizadas lutando pelos seus direitos contra uma empresa de Terceirização que recebe milhões do Governo Federal e que acumula violações de direitos trabalhistas na região metropolitana de Porto Alegre (veja matérias sobre a empresa no Repórter Popular).