Acampamento dos Povos Indígenas da Bahia – ATL 2023 (12 a 16-06-2023)

Acampamento dos Povos Indígenas da Bahia – ATL 2023 (12 a 16-06-2023)

Do dia 12 ao dia 16 de junho, aconteceu, em Salvador, em frente à Assembleia Legislativa da Bahia, o 5° Acampamento dos Povos Indígenas da Bahia junto do 12° Encontro Terra Livre do estado. O encontro, com organização do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (MUPOIBA), contou com a circulação de cerca de 1700 pessoas, de 30 distintos povos do estado, e teve apoio do Governo do Estado da Bahia. Teve como pauta a denúncia dos projetos que envolvem o Marco Temporal e o foco no fortalecimento do diálogo com os três poderes. Abaixo, confira, através das galerias de fotos e parágrafos, momentos desta reunião.

Textos e fotos de Alass Derivas | @derivajornalismo

Após a chegada das delegações na segunda, o ATL iniciou na manhã de terça com falas de caciques e lideranças e uma homenagem a Val Tupinambá, que fez sua passagem em maio.

A homenagem se seguiu com apresentações culturais e o início das plenárias na tenda principal.

Paralelo aos debates puxados pelo ATL, que tiveram bastante foco no diálogo das comunidades com representantes do Estado, aconteceram roda de conversas em tendas secundárias (Educação, mulheres, juventude, saúde), embaixo das árvores, na volta das fogueiras. Em um destes espaços, Cacique Nailton Ayry Pataxó, destacou que o Estado é um bicho de três pernas que se não empurrar não anda. Que só com a mobilização nas bases comunitárias e pressão é que possível avançar na luta.

Também junto aos papos, aconteceu uma Feira de Artesanatos , roda de capoeira, inúmeros torés, inauguração de exposição fotográfica e uma intensa atividade na cozinha do acampamento.

Na quinta-feira (15), a Assembleia Legislativa sediou um ato em defesa dos povos originários e contra o marco temporal. O evento aconteceu no auditório jornalista Jorge Calmon, foi presidido pela deputada Fátima Nunes (PT), e teve a presença na mesa também dos deputados Hilton Coelho (Psol), Neusa Cadore (PT) e Cláudia Oliveira (PSD), dos coordenadores do MUPOIBA, Patrícia Pankararé e Agnaldo Pataxó Hãhãhãe, do chefe de gabinete da Secretaria de Direitos Ambientais e Territoriais do Ministério dos Povos Indígenas, Juliana Tupinambá; de Suely Kiriri – liderança indígena da Aldeia Mirandela; do cacique Flávio Kaimbé, do cacique do povo Pataxó HãHãHãe, Nailton Muniz; e do cacique Juvenal Tupinambá, do município de Eunápolis.

O encontro concentrou falas de denúncia do projeto genocida que é o Marco Temporal. Também trouxe uma denúncia importante do Cacique Nailton, ressaltada também em outros momentos do ATL: o envolvimento de agentes da Polícia Militar do Estado da Bahia nos assassinatos de jovens indígenas do povo Pataxó no extremo sul da Bahia. Segundo o cacique, policiais aposentados ou sendo pagos em momentos de folga são contratados pelos fazendeiros para fazer a pistolagem contra os povos em situação de Retomada. “Precisamos que o Secretário de Segurança do Estado da Bahia investigue o envolvimento da polícia nos ataques que o povo Pataxó vem sofrendo no sul da Bahia”.

Após o ato na Assembleia, aconteceu, no final da tarde de quinta, uma marcha nas imediações do Centro Administrativo da Bahia, com a intenção de marcar a presença dos povos na capital Salvador e de denunciar o PL 490 (2903 no Senado) e o Marco Temporal.

Na sexta-feira, último dia de Acampamento, já com algumas delegações voltando para suas comunidades, o encontro recebeu o governador do Estado da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT). Foi o momento de maior lotação da plenária. Além das pessoas presentes no acampamento, teve a presença do presidente da Assembleia Legislativa, Adolfo Menezes (PSB), de diversas secretárias estaduais e representações de Estado, inclusive da Polícia Militar – que teve constante presença no Acampamento. Além do policiamento, o Governo do Estado colocou a estrutura física do evento, contribuiu com alimentos e com areia para reduzir os danos da chuva no solo.

O governador recebeu uma carta de reivindicações da coordenação do MUPOIBA e apresentou algumas medidas imediatas para os povos indígenas. Entre as ações anunciadas, estão a construção de escolas indígenas em Prado, Glória, Paulo Afonso e Rodelas, e a autorização da licitação para implantação de sistema de abastecimento de água em 100 comunidades de 21 municípios. Além disso, Jerônimo autorizou a perfuração de poços em 70 comunidades em 17 cidades. Ele também assinou ordem de serviço para pavimentação do trecho de 10 quilômetros do entroncamento da BR-242, em Ibotirama, ao acesso ao povoado de Tuxá. Além de lançamento de edital para mulheres indígenas e distribuição de materiais esportivos para os jovens Tupinambás de Olivença.

O Acampamento dos Povos Indígenas, além das plenárias refletindo o foco principal no diálogo com o Estado, também promoveu diversas trocas informais, o que também é tecetura de luta. No apoio direto à articulação, a Teia dos Povos marcou presença com uma delegação de suporte, na cozinha, na comunicação, na segurança e nas trocas políticas.

Veja mais fotos deste do Acampamento dos Povos Indígenas:

Textos e fotos de Alass Derivas | @derivajornalismo


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