Acampamento Luta Pela Vida – Funarte (30 e 31-08-2021)

Acampamento Luta Pela Vida – Funarte (30 e 31-08-2021)

Fotos, vídeos e textos por Alass Derivas | Deriva Jornalismo

Desde o dia 28 de agosto, o Acampamento Luta Pela Vida se deslocou da Praça da Cidadania para os arredores da Funarte. Ainda no Eixo Monumental do Plano Piloto, mas mais distante da Esplanada. Decisão tomada por questões de segurança. Dos 6 mil indígenas, 1500 ficaram em Brasília em resistência para acompanhar o julgamento do Marco Temporal no dia 1 de setembro. Abaixo, trago registros diversos em vídeos e fotos do Acampamento Luta Pela Vida segunda (30) e terça (31) em ordem cronológica.

DIA 30

Na segunda, os representantes do Povo Kaingang no Acampamento Luta pela Vida prestaram uma homenagem ao ancião Elio Zacarias, que faleceu no dia anterior na Terra Indígena Apucaraninha, em Londrina, Paraná.


Escute o canto do Povo Kaingang:

Abaixo, algumas fotos diversas do acampamento:

No entardecer da segunda-feira, Ubiranan Pataxó convocou seus filhos e seus parentes de etnia para fortes cantorias na plenária do Acampamento.

Após fazer uma fala de conscientização aos mais jovens, sobre a necessidade de valorização da cultura indígena através do respeito aos mais velhos, Ubiranan rezou ao som dos pássaros.

Após, o guerreiro Pataxó convocou seus filhos a entoar o canto da águia.

Por fim, prestou uma homenagem a Galdino, indígena também Pataxó, morto incendiado em um ponto de ônibus em 1997 em Brasília. Os autores desse crime não foram devidamente responsabilizados. Um deles, inclusive, foi promovido dentro da Polícia Federal durante o Governo Bolsonaro.

A noite cultural seguiu com o canto guarani:

Dando sequência à noite cultural, Yuka Simi do Povo Quechua toca na sua flauta Kena a música “Carnaval na Selva” e depois convida os músicos guaranis a subir no Palco.


Ainda deste dia, registros do Povo Xokleng-Laklaño:

Escute um recorte do canto do Povo Xokleng:

Registros da Roda de Conversa dos Estudantes indígenas sobre a Bolsa Permanência e sobre a educação escolar indígena:


Registros do Povo Guarani:

Registros da Comissão de Segurança:

Abaixo, mais uma compilação de registros do dia 30:

DIA 31

Dia tranquilo, de concentração, de articulação. Véspera do julgamento do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal. Abaixo, alguns registros desse dia.

Em constante canto ou conversa, a terça foi dia de assembleia para os guaranis. Momento de se motivar, reorganizar, se olhando para relembrar que a luta é dura e é preciso concentração e dedicação. Avaliação do acampamento, da mobilização. Falas sobre a necessidade de união e articulação entre os povos para resistir aos retrocessos. Não se pode lutar de forma isolada. “Se o Marco Temporal for aprovado, vai ter reintegração de posse nos territórios. Guerreiros vão resistir. Vamos ser presos e mortos”. Falas sobre a organização para a reza e luta desta madrugada, véspera da votação no Marco Temporal. Foi lembrado o momento em 2015 em que Nhanderu descarregou uma tempestade em cima do Congresso e evitou a votação da PEC 2015. Neste sentido, a proposta de não ter janta hoje de noite para que a reza comece cedo. É noite de vigília. Assim um trecho da fala do guerreiro guarani que vem da Terra Indígena do Jaraguá, São Paulo:

Foi noite de vigília, de canto, que para os guaranis começou cedo, logo ao entardecer.

Registros do anoitecer do povo Guarani. Véspera do julgamento do Marco Temporal. O agronegócio, indústrias do veneno (agrotóxicos e sementes transgênicas), interessados em terras para o seu lucro, pagam os grandes jornais e a maior emissora de televisão. Também pressionam politicamente e vai saber lá como os Ministros do Supremo Tribunal Federal receberam as pressões para que aprovem o Marco Temporal- tese racista, que ameaça os povos de sofrerem desterritorialização. Ou de resistir à ela e o imterior do país virar mais guerra do que já é.

Um parênteses.
Enquanto isso, os Ministros também vão ser pressionados pelos bolsonaristas no dia 7 de setembro, com pedidos de saída de ministro junto com um repertório de ameaças.

Como a tal Suprema Corte vai receber essas pressões e vai agir nesta quarta é uma incógnita. Se abrir sessão, escutará as partes e as argumentações dos Amicus Curie? Se inicia a votação após isso, a qualquer momento a corte pode alegar algo e suspender a sessão? Ou até algum juiz relacionado ao agronegócio pedir vistas e empurrar com a barriga a incerteza.

Enquanto os processos jurídicos, a política, os interesses do agronegócio se resolvem, quem sofre a violência de ver sua cultura, seu território, seu corpo atacado, são os milhares de indígenas de mais de 300 povos deste país.
Cerca de mil e quinhentos destes resistem acampados em Brasília. E amanhã caminharão para acompanhar o julgamento da Praça dos Três Poderes. Em todo país comunidades estão mobilizadas. São protagonistas da história. Pesquisemos o apoio, como chegar.

Escrevo no metro, entre idas e vindas. Não sendo melhor que ninguém. Mas onde estamos nessa merda toda?

Espoliação territorial e violência direta contra vários corpos e já não temos condições de resistir pela caneta, porque tudo é rasurado e tanto faz.
O que se faz?

Veja mais registros deste dia:


Para finalizar, um vídeo produção conjunta do Deriva Jornalismo e da Antiimidia:

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