Textos e fotos: Alass Derivas | @derivajornalismo
Domingo de manhã, lá na Redenção, a gira de alegria ao ver o parque ocupado por quem se propunha a um grande abraço.
Era dia ensaio, era dia de protesto. Preserva Redenção!
A luta para que o parque não seja concedido à iniciativa privada, o que seria um grande golpe contra o espaço público e o acesso a diversos encruzilhares dessa cidade.
“Não à concessão, Fora Melo”, os gritos entre o cortejo enquanto o abraço se formava. Sebastião Melo, o prefeito, é proponente do projeto – já com perspectiva de maioria na Câmara.
Junto com Melo, está Ana Pellini, Secretaria Municipal de Parcerias. Ou seja, a negociadora. Que hoje, enquanto secretária, propõe a concessão da Redenção, da Orla do Lami, do Parque Marinha. E também da Usina do Gasômetro. Ana Pellini, já foi secretária do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, no Governo de Ivo Sartori. Neste cargo, ela esteve à frente da extinção da Fundação Zoobotânica, o que inclui o sucateamento, fechamento do Jardim Botânico de Porto Alegre. Área também ameaçada pela especulação – mais um shopping.
A prefeitura de Sebastião Melo e Ana Pellini é chamada de Melnikstão, em referência à expansão das obras da construtora Melnick Evens em seu governo.
Melnick Evens e Zaffari são duas empresas aliadas na elitização da região do centro, da Cidade Baixa, destes arredores.
A concessão da Redenção, da Orla, de outros parques da região é uma medida que até pode trazer algum benefício cada vez mais integrado, como a pista de Skate da Orla. Mas na esteira destas obras, deste benefício, vem uma limpa de prédios pequenas, casas antigas, terrenos baldios. Tudo vira prédio. Lojas ficam caras, o gourmet chega. Quem é pobre, preto ou qualquer um que não se encaixe no hype ou no conservador da elite racista desta cidade, é varrido ou pelo preço dos aluguéis ou pela violência indireta e direta que vai virando a vida. Em uma das fotos, a senhora que me chama para contar que tem mais de 80 anos. Há mais de cinquenta vende pipoca na Redenção. Transforma as palmas em rejeição de imediato, quando perguntada sobre se o parque deve ser administrado por uma empresa ou cercado.
Não à concessão do Parque da Redenção! Lugar de capoeira, carnaval, encontros, encruzilhada no chafariz, ensaios, treinos, se conheceres. Lugar de ser e refrescar. Respirar.
Na quarta-feira (23), acontece uma segunda audiência pública sobre. Na de sexta (18), diversas pessoas inscritas se colocaram contra a concessão.
No histórico do Governo Melo, Audiência Públicas não são respeitadas no seus ritos ou não são impeditivas do projeto de venda da cidade.
No caso da Redenção, no domingo a ocupação com o corpo, em fortalecimento de alegria e afeto, se mostrou uma boa estratégia de defender o parque hoje.
Abaixo, registros do ensaio e, depois, o lindo momento do abraço no Parque, em cortejo dançante.