2 de julho na Bahia. Dia em que muitas pessoas foram às ruas do estado em alusão aos 200 anos em que a coroa portuguesa foi expulsa. O dia da Independência do Brasil na Bahia.
Mas que independência foi essa afinal? O que mudou para os povos indígenas, para o povo negro, para as mulheres negras? Povos que foram os reais heróis da vitória, como a guerreira pescadora Maria Felipa. Heroínas ainda excluídas da narrativa dominante na maioria das escolas. Segue a branquitude exaltando feitos mentirosos, nos livros, em estátuas, em cima do sangue de muitos.
As famílias financiadoras da guerra pela Independência, há 200 anos atrás, interessadas em se livrar dos impostos da coroa portuguesa, são as mesmas famílias hoje que sustentam o coronealismo político no Senado, no Congresso, na Faria Lima (mercado financeiro).
Nada ou muito pouco mudou.
É o que se expôs e se discutiu neste domingo, na cidade de Cachoeira, Casa Ubuntu, a partir da Articulação das Mulheres Pretas do Engenho Quilombo da Ponte e da Teia dos Povos.
Em Cachoeira, justo onde se deu grandes enfrentamentos em 1823, hoje se avaliou mais uma vez, a necessidade que temos de vingar os ancestrais.
Como em diversas outras lutas vangloriadas pela branquitude no país, os povos originários e em diáspora lutaram, mas pouco se beneficiaram.
Na Bahia, pessoas negras lutaram pensando na sua libertação da escravidão. Povos originários lutaram pensando na proteção de seus territórios. Foram traídos!
Que independência é essa que territórios indígenas são atacados até hoje? Povo negro e pobre historicamente e constantemente tendo o território e a vida digna negada, a violência do Estado apontada contra? Em que nosso alimento é veneno do agronegócio e que estamos depressivos hipnotizados em telas programadas pelos algoritmos do capitalismo?
E principalmente: sem terra.
Ameaçados nas cidades pela fome, loucura e morte.
Vingar diz respeito à aliança dos povos, especialmente o povo pobre, negro da cidade, junto dos povos quilombolas e indígenas, na luta por terra. Construir autonomia, plantar a comida saudável, tecer novas relações anticapitalistas e de enfrentamento.
Sem território não há independência!
Texto e fotos Alass Derivas | @derivajornalismo
Alass Derivas | @derivajornalismo Veja no Instagram: https://www.instagram.com/p/CuIkbL5saV4/ Seja um apoiador do Deriva Jornalismo e financie cobertura como esta (equipamento, deslocamento e uma digna remuneração): http://apoia.se/derivajornalismo ou p y x alassderivas@gmail.com