Na quarta-feira passada (21), na esquina da Avenida Goethe com a Rua Mariante, Parcão, Habbib’s, a Polícia Militar de Porto Alegre não agiu contra um homem vestido como um “carrasco”, alusão à seita supremacista branca estadounidense, que discursou em um ato bolsonarista, ao lado de um boneco preto enforcado na árvore que os cobria. O racismo é crime no país e quer ato mais racista que esse?
Na tarde de hoje, a partir das 15h, diversas viaturas da Brigada Militar acompanharam de perto um outro ato. Um ato de repúdio ao racismo de quarta. Um ato de ocupar a esquina do Parcão, onde comumente os bolsonaristas se manifestam, onde comumente atos racistas acontecem. Na mesma árvore, pessoas negras e apoiadores disseram mais uma vez “chega!”, falaram sobre a necessidade de ocupar os espaços onde os fascistas e racistas se manifestam.
A polícia monitorou essa ação de intimidação como faz com os atos antifasciscistas, contra os atos que se opõem a esses racistas criminosos?
A chuva chegou forte pelas 16h e fez as pessoas se moverem, transformando a manifestação em uma marcha do Parcão até o Parque da Redenção. Mobilização popular convocada pelo Movimento Vidas Pretas Importam e outros coletivos políticos, mas com maior presença de pessoas brancas. Certamente o dia chuvoso limitou o acesso.
No caminho, ainda na Avenida Goethe, duas mulheres loiras saíram de uma cafeteria tecendo comentários típicos: “essa gente deveria estar em casa lavando uma louça”.
Queria saber qual delas não teve sua louça ou de seus amigos já lavadas por uma mãe preta. Mãe esta de um jovem que provavelmente tem a vida desprezada pelo “carrasco” estúpido do Parcão, pelo presidente “CPF cancelado”; por muitos moradores do Menino Deus, pessoas com dinheiro, que financiam campanhas e projetos racistas como do Bolsonaro ou, mais perto aqui, Vereadora Nádia, Vereador Valter Nagelstein, Senador Luiz Heinze, entre outros.
Ao mesmo tempo, em um bairro próximo, após vazar os dados pessoais de uma juíza, uma carreata de pessoas que querem a abertura das escolas pressionou em frente à casa da magistrada, exigindo a suspensão de uma liminar. A polícia monitorou essa ação de intimidação como faz com os atos antifasciscistas, contra os atos que se opõem a esses racistas criminosos?
Até agora ninguém foi responsabilizado judicialmente pelo ato racista de quarta-feira.
E sabemos que não serão.
Hoje, dias depois, foi uma ação direta, mobilização popular que ocupou o reduto dos racistas e disse “basta”!
Vejam o álbum na íntegra para compor a perspectiva do ato.
Abaixo, a reprodução de um “ao vivo”, contextualizando o ato e trazendo a fala do professor Pernambuco, quilombista, histórico lutador negro:
Parte final da fala de Karen Moraes, do Coletivo Alicerce, Frente Quilombola, que atualmente é vereadora de Porto Alegre.
Fala de Márcio Chagas, ex-arbitro de futebol, que concorreu a vice da Prefeitura de Porto Alegre na eleição passada, explicando para um fiscal da EPTC o caráter do ato que começava :