Reitoria da UFRGS é ocupada na luta Casa de Estudante Indígena (10-03-2022)

Reitoria da UFRGS é ocupada na luta Casa de Estudante Indígena (10-03-2022)

No final da tarde de quinta, o Salão Nobre da Reitoria da UFRGS foi ocupado por cerca de 100 estudantes indígenas e apoiadores. A ação se deu no final da segunda reunião com a vice-reitora da Universidade, Patrícia Pranke, em exercício esta semana no poder máximo da Universidade. Na reunião estavam além das lideranças do Coletivo Indígena da UFRGS e a anciã Gah Té Nascimento, o procurador do Ministério Público Federal, Jorge Irajá, representantes da Prefeitura de Porto Alegre, representantes de diversos órgãos da Universidade, a vereadora Karen Santos, assessores de vereadores e deputados estaduais. A reunião era uma sequência de um encontro do dia anterior. Neste segundo, a comunidade indígena esperava um retorno concreto da Universidade sobre a demanda da Casa de Estudante Indígena. Patrícia Pranke, apesar de ser cobrada desde o começo do encontro por um retorno objetivo, conduziu a escuta de todos que se inscreveram, aumento a expectativa sobre seu posicionamento.

Entre as falas, a denúncia de Woie Patté de um ato de racismo que aconteceu na Casa do Estudante Universitário (CEU), na manhã de quinta. Um cacho de banana foi pendurado na porta do quarto de um estudante indígena. Símbolo do constrangimento e pressão preconceituosa que vivem os indígenas nesta casa. Além do fato de as mães indígenas precisarem esconder seus filhos para burlar um regimento interno da casa que proíbe crianças. “E a mãe com filhos como estuda?”, questionou o procurador Jorge Irajá. Como resposta, o fato da Universidade dar um auxílio para as mães de 450 reais procurarem uma moradia fora da Universidade. Quem paga aluguel, se alimenta, se desloca, vive com esse valor?

Durante esta quinta, foi se construindo junto da Procuradoria do Município de Porto Alegre a possibilidade da doação de um prédio da Prefeitura para que a UFRGS assuma a gestão e estabeleça ali uma Casa do Estudante Indígena. Surpreendentemente a Prefeitura tem se colocado nesta possibilidade de doar um prédio. Por outro lado, a UFRGS não tinha se posicionado com empenho até o momento para resolver a questão. Era sobre esta proposta que se esperava ouvir um retorno da Reitoria. Também sobre outra questão: Este processo com a Prefeitura todos sabem que será uma burocracia que levará meses. Onde ficarão os estudantes que estão na CEU hoje e principalmente os que retomam o prédio da SMIC na entrada do túnel da Conceição desde domingo, entre ratos e sob chuva?

Após quase duas horas de reunião, com a expectativa inflada sobre sua fala para sanar estas questões, a vice-reitora Patrícia Pranke respondeu apenas que não havia poder para tomar uma decisão concreta sobre a situação, mas se comprometia em repassar tudo para o Reitor Carlos Bulhões na manhã de segunda-feira. Você pode ver a reunião nos vídeos no final deste post. O Deriva Jornalismo transmitiu ao vivo na íntegra.

A resposta gerou indignação nos estudantes indígenas e demais presentes. Paralelamente aos protestos nas falas das lideranças no Salão Nobre da UFRGS, dezenas de manifestantes solidários que acompanhavam a reunião no pátio da Reitoria, forçaram a porta e ocuparam o prédio, subindo até o Salão Nobre.

Por cerca de uma hora a sala de reuniões ficou tomada pelas estudantes, familiares e apoiadores, que gritavam “Fora Bulhões, Fora Edilson”, em referência ao interventor Carlos Bulhões e ao coordenador da Coordenadoria de Acompanhamento do Programa de Ações Afirmativas (CAF), Edilson Nabarro, que não apareceu em nenhuma reunião nem se pronunciou. Também falas reivindicando a Casa do Estudante Indígena. Pelos corredores, a ação direta possibilitou negociações que resultaram em um documento em que a vice-reitora Patrícia Pranke se compromete a no dia de hoje, sexta, se reunir com a Prefeitura para analisar a viabilidade da instalação da Casa do Estudante em um prédio doado pela Prefeitura. Além disso, se compromete a encaminhar com o Reitor saídas urgentes para a situação de quem ocupa. É a primeira vez que a Reitoria emite um documento deste caráter, mais um passo em direção a sanar esta demanda de anos.

Após a assinatura do documento, os estudantes se retiraram da Reitoria e retornaram para a Retomada.

Na tarde desta sexta, às 15h, a Reitoria da UFRGS e estudantes indígenas se reúnem com a Procuradoria do município para analisar quais prédios são viáveis para receber a Casa do Estudante Indígena.

Enquanto isso, a retomada segue. Com necessidade de doações, como lona e lenha, devido a chuva, o clima está muito úmido.

Fortaleça a retomada:

PRECISA-SE DE: Lenha, Lona, alimentos, lanches, frutas, café, pão, mistura para pão, utensílios de cozinha, botijão, água, fios, canos, compensados, martelos, pregos, produtos de limpeza, sacos de lixo, luvas, vassouras.

CONTRIBUA COM QUALQUER VALOR:
Pix: CPF: 03478244048
Jaqueline de Paula
Pix celular: 54 996265542
Viviane Belini Lopes

Veja mais fotos desta quinta:

Assista a reunião na íntegra, dividido em três partes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *