O Uber, a Fraport e as famílias removidas
Por Alass Derivas. Publicado originalmente no Sul 21. Orla do Guaíba. Foto Joana Berwanger A Uber, multinacional estadunidense, ganhou a licitação para a manutenção da Orla do Guaíba em Porto Alegre. Em paralelo, Fraport, multinacional alemã, tem a concessão do Aerporto Senador Salgado Filho por 25 anos. Grandes multinacionais, uma comandando o aeroporto, outra gerenciando um importante porto turístico da cidade. No Jornal do Comércio, o titular da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade, Maurício Fernandes: “Essa nova adoção deve servir de aprimoramento aos conceitos até então utilizados”. O gerente-geral da Uber na região sul do País, Fabio Klein, diz: “A adoção do parque da nova orla simboliza um novo momento na relação da cidade com seu maior cartão-postal”. Já não falta muito para vermos o por-do-sol do Guaíba através de telões em estruturas na própria orla, competindo…
Indígenas e Quilombolas ocupam a frente do Incra-RS
Fotos e texto: Alass Derivas Publicado originalmente no Amigos da Terra Brasil Uma das frentes da Greve Geral desta sexta, dia 28 de abril, aconteceu no Incra-RS. Indígenas e Quilombolas ocuparam a frente do prédio das 8h até o começo da tarde. Luta contra os ataques aos povos ancestrais, representados pela paralisação das titulações de territórios quilombolas, lentidão nos processos de demarcação, CPI do Incra e da Funai, genocídio do povo negro e do povo indígena, contra as reformas da previdência e trabalhista, contra o racismo institucional. Foi uma manhã de atividades conjuntas e de integração entre quilombolas urbanos de Porto Alegre, Mbya Guaranis e Kaigangs. No começo da tarde, partiram em coluna para se juntar à marcha que partiu da Esquina do Zaire (Democrática). Confira depoimentos: >>> Mulher Negra frente às reformas, por Luany Xavier, Frente Quilombola RS e…
Sobre o apoio à retomada Guarani da Ponta do Arado ou à causa indígena de forma geral
Publicado originalmente no Sul 21 Airton Krenak, da etnia Krenak (assolada pela lama tóxica no Rio Doce, maior crime socioambiental da história, das empresas impunes Samarco/Vale do Rio Doce), certa feita, em uma aula inaugural da UFRGS em 2017, comentou sobre o fato da luta pela demarcação de terras indígenas ser uma medida de garantia para os povos, mas ainda assim ser uma medida colonial, por legitimar a demarcação, o limite, a fronteira, referenciais territoriais do homem branco. Essa discussão complexa parece tão distante no contexto em que vivemos no Brasil, em que, há anos, as demarcações já não vinham acontecendo como reivindicadas e que, atualmente, com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), o cenário já piorou, no nível de demarcações já feitas serem revistas e terras indígenas serem invadidas por pistoleiros e madeireiros. No entanto, a fala do Ailton Krenak…
Conheça a Retomada Guarani Mbya em Maquiné-RS
Texto e fotos Alass Derivas Publicado originalmente no Amigos da terra Brasil Desde sexta-feira, dia 27, 20 famílias Guarani Mbya retomaram a área da Fepagro (Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária), no Município de Maquiné, litoral Norte do Rio Grande do Sul. Os indígenas estão criando uma aldeia no local e reinvidicam a demarcação da área. Segundo o Cacique André Benites, a retomada é uma luta pelo futuro, pela preservação do espaço e pela perpetuação da cultura Guarani, mas também é uma luta pelo passado, pela memória dos ancestrais que ali viviam até mesmo antes da chegada do europeu e da intervenção do Estado. “A gente não está invadindo, só entramos em território que já era nosso. Por isso retomada”. Segundo o Cacique José Cirilo, os guaranis nunca tiveram seus direitos totais garantidos. “O povo Guarani sofre muito, muitas famílias pela…
Na trilha e no ritmo da Kalunga
Textos e fotos Alass Derivas Na noite de sábado (8), na festa de lançamento do primeiro álbum da banda Kalunga, o AfroSul Odomodê, foi mais um vez ponto de encontro, de festejo e de resistência do povo negro. O CD “Na Trilha e no Ritmo do Negro” traz dez músicas — compostas pelo vocalista Mestre Telmo Flores e parcerias — que exaltam a negritude e o espírito quilombola. Que mostram porque é belo e não é mole ser negão. Além destas, duas novas composições foram apresentadas ao público: “Ogum Bera Mar” e “A luta continua”. No pátio do Odomodê, uma banquinha distribuiu as recompensas para quem apoiou o financiamento coletivo da Kalunga. O CD estava à venda por dez reais. O álbum ainda não está disponível online. A imagem a cima é uma reprodução da capa do CD, ilustração de…