Entrevista: Mestre Telmo, griô e compositor da banda Kalunga Quilombola
Texto e Fotos Alass Derivas Publicado originalmente no Nonada – Jornalismo Travessia “Eu não sou artista, cara, sou militante”. É o que diz Telmo Flores, dando pistas do caráter de luta da banda Kalunga Quilombola, da qual é o vocalista e o principal compositor. Apesar de não se ver como artista, “Mestre Telmo”, como é chamado pelos outros integrantes do coletivo, se preocupa com a evolução técnica da banda e com o como vai ser recebida a próxima “intervenção cultural”, que acontece no próximo sábado, dia 8, no Afrosul Odomodê. É o lançamento do primeiro CD da Kalunga. Na noite, shows de abertura com a banda La Digna Rabia e com a rapper Negra Jaque estão previstos. O álbum, chamado Na trilha e no ritmo do negro, foi gravado através do Edital Estúdio Geraldo Flach, da Prefeitura de Porto Alegre,…
Demhab: da causa da ocupação ao desenrolar na justiça
Desde a tarde de quinta-feira (14), O Departamento Municipal de Habitação de Porto Alegre está ocupado por três movimentos com pautas ligadas à moradia (MNPR, MTST E MLB) e por moradores de diversas ocupações da cidade. A iniciativa da Prefeitura até o momento foi buscar a Justiça pedindo a reintegração de posse do prédio. Em audiência de conciliação realizada na tarde desta segunda (18), a juíza Karla Aveline de Oliveira, da 5ª Vara da Fazenda de Porto Alegre, reconheceu a legitimidade da causa dos que ocupam. Deu prazo de um dia — até terça (19), às 18h – para a Prefeitura marcar uma reunião com os ocupantes e apresentar propostas para as pautas. Caso a Prefeitura não cumpra o determinado no prazo, a juíza agendou uma visita judicial à ocupação para quarta-feira (20). Apenas depois disso, decidirá sobre uma possível…
O Grito dos Despejados pede que o Demhab pague o aluguel
Na manhã desta quarta foi a vez do povo em situação de rua protestar em Porto Alegre. A reivindicação da vez é a moradia. A Prefeitura de Porto Alegre criou o Pop Rua, que tem a proposta de pagar aluguel social para quem vive na rua ou em albergue. Mas acontece que a própria Prefeitura, através do DEMHAB, não está cumprindo com o pagamento e muita gente está sendo despejada. O Mnpr/rs — Movimento Nacional da População de Rua — Rio Grande do Sul não aceitou e foi para rua. Depois de uma caminhada do Largo Zumbi até a Prefeitura de Porto Alegre, os moradores de rua e apoiadores não arredaram pé até terem a garantia de uma reunião com o prefeito ou com o vice. Venceram a primeira batalha! Reunião marcada para hoje ainda, às 14h, com o Sebastião Melo. Segundo…
A madrugada em apoio à Lanceiros Negros
Pelas 21h do dia 24, uma postagem da Lanceiros Negros alerta que a reintegração de posse está marcada para o amanhecer do dia seguinte. Convoca a mobilização de todos para uma vigília. Minutos depois de ler, abre um chat, com mais de 45 pessoas, em que esta informação é difundida e começa os combinados para chegar junto. A intenção é se encontrar, ir até a Lanceiros antes da meia-noite, quando a Polícia Militar, com um mandato, fecharia as ruas do entorno. Não deu tempo, a Polícia ilegalmente descumpriu o documento e obstruiu o trânsito já às 22h30. Algumas pessoas tentaram chegar até o SindiBancários usando a senha da “festa do grupo de dança”, mas muitos não conseguiram ou preferiram ficar na rua. Acompanhe uma visão do que foi a madrugada de vigília na esquina da Andradas com a General Câmara.…
Entrevista: Paulina Chiziane, o ato de colonizar está na mente
Ela é a primeira mulher a lançar um romance em Moçambique; na juventude foi militante do Partido Frelimo, que lutou pela independência do país; é atuante no movimento feminista do país; e possui uma espiritualidade marcante. Ela é Paulina Chiziane Por Alass Derivas e Marcelo Hailer. Publicado originalmente em março de 2014 na Revista Bastião e reproduzido na Revista Fórum. Tambores vibram no palco da maior universidade privada de Moçambique. Sentada entre os sete músicos, Paulina Chiziane entoa um cântico evocando os espíritos dos ex-presidentes Eduardo Mondlane e Samora Machel. A música tem a intenção de convocar o passado para convencer os governantes atuais a firmar a paz no presente. Em um país extremamente formal, batucar dentro de uma instituição é uma quebra de tabu. Na verdade, lançar o livro “Por que vibram os tambores do além”, que conta a…